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Olá princesas e príncipes!
Lamentamos a demora na escolha dos vencedores, mas não foi uma tarefa simples decidir quais ganhariam dentre tantas participações lindas e cheias de criatividade!
Sem mais delongas, aí vão os vencedores do concurso A hora do pesadelo no Princesa Pop!
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☠ 1º Lugar ☠
misa-Nyan
Ela ganhou: 12 000 Pops de Ouro + Selo especial.
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☠ 2º Lugar ☠
HeyZooey
Ela ganhou: 8 000 Pops de Ouro + Selo especial.
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☠ 3º Lugar ☠
YurikoChin
Ela ganhou: 4 000 Pops de Ouro + Selo especial.
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☠ Menção especial para a escrita mais criativa ☠
Marina e Haru567
Elas ganharam: 5000 AP.
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Desde sempre eu havia uma fixação por meu reflexo. Não era narcisista, entretanto fitava por minutos seguidos a minha imagem na superfície metálica, imitando meus gestos, meu colo subindo e descendo por conta da respiração, sem quebrar o contato visual. Algum dia esse outro eu sorriria? Ou viveríamos para sempre nesse jogo de imitação?
Uma voz feminina me tirou a atenção, então a moça de cabelos esverdeados do espelho – cuja raiz já estava quase precisando ser retocada – e eu nos viramos, pelo timbre envelhecido deduzi que fosse minha avó, que me visitava com pouca frequência. Abri a porta do banheiro e corri escada abaixo até encontrar a senhorinha encurvada fechando a porta da frente. Ela segurava um embrulho e esperei que fosse um presente dela para mim, pois sempre que ela me dava algumas antiguidades, presilhas velhas que um dia usou para enfeitar seus já não mais cabelos castanhos. Eram incríveis, para alguns podia ser velharia, mas para mim eram lembranças doces e eu adorava partilhar segredos com a vovó.
— Vovó! – gritei enquanto a envolvia em um abraço bem apertado.
— Calma querida! Assim fico sem ar! – ela riu.
Nos separamos e eu simplesmente não conseguia retirar os olhos do embrulho que ela segurava, tentando adivinhar o que seria pelo formato do papel de presente. E é claro que ela havia notado, então continuou a falar:
— Eu vim passar alguns dias aqui, se não houver problema. O quarto de hospedes ainda está disponível?
— Mesmo que não estivesse a senhora poderia dormir até na minha cama que eu nem ligaria! – a presença da vovó Margareth era incrível, ela me animava, além de fofocarmos o dia todo e ficarmos cozinhando, a companhia dela me fazia sentir protegida e menos solitária, já que meus pais trabalhavam tanto.
— Ah como você é amável! E eu sei que está doidinha pra saber o que eu trouxe, então pra não te fazer sofrer mais com a ansiedade, pegue logo e seja feliz – rimos ainda mais.
Eu peguei o embrulho com cuidado e desamarrei a fita vermelha que lacrava o saquinho, quando puxei para fora, vi um lindo espelho prateado, quase que negro, com detalhes retorcidos, fiquei completamente sem fôlego:
— Vovó! É incrível! Eu realmente não posso aceitar! É prata de verdade?
— É um presente e é obrigada a aceitá-lo! Bem... Não sei de fato se é prata ou não, por conta da tonalidade, mas pelo peso eu diria que sim. Comprei em uma feira há muito tempo e achei que você adoraria tê-lo!
— A senhora me conhece mais que ninguém!
Fiquei alisando as bordas do espelho, era incrível! Como se realmente tivesse sido feito para mim, era digno de um conto de fadas, tipo o da Rainha Má. Beijei a vovó na testa Margareth em agradecimento. Durante a tarde conversamos sobre tudo, até que ela se sentiu cansada e foi para o quarto de visitas. Deitada no sofá eu me encarava no espelho, fascinada pela beleza dele. Seria meu bem mais precioso e ninguém poderia tocá-lo.
— É incrível... – murmurei.
Meu reflexo piscou seu olho esquerdo duas vezes, e isso fez meu minha respiração pausar, o coração bater ainda mais forte. Alucinação? Não podia ser real. Cocei meus olhos e quando os abri, a moça sorria estranhamente, não pude definir se era sarcasmo ou se era um sorriso sincero, pois seus olhos não demonstravam absolutamente nada. Para uma pessoa comum, a reação mais normal seria a de quebrar aquele espelho e jogar seus cacos fora, porém eu estava imobilizada pelo medo e pela surpresa.
— Toque-me e conheça um novo mundo – sua voz era quase igual a minha, mas parecia ecoar milhares de fezes, repetindo a mesma frase para mim.
Deveria obedecê-la? Minha curiosidade aumentava a cada segundo e então toquei com a ponta dos dedos, julgando que apenas sentiria o frio sólido, mas foi diferente. Meus dedos, minha mão, meu pulso estavam sendo sugados para dentro das bordas, como se fosse um reflexo d’água. Aquilo não podia ser real, não tinha como!
— Venha.
E então tudo escureceu.
//////
Abrir os olhos estava sendo quase que impossível, meu corpo estava pesado, como a sensação que temos depois de sairmos de uma piscina. Com muito esforço me ergui do chão e notei que minhas roupas eram diferentes das que eu estava vestindo antes de chegar ali, seja lá onde fosse aquele lugar. Era um quarto pequeno, com uma lareira apagada, onde duas velas de cores vermelhas e preta estavam sob a base. Um espelho cuja moldura me lembrava vagamente o que a vovó me presenteara enfeitava a parede, era um lugar sombrio, frio e empoeirado.
— Onde está você? Você me pediu para vir! – gritei e minha voz ressoou como a da moça do espelho, em milhares de ecos, mas eram tão altos que me encolhi tampando os ouvidos.
O som de algo batendo... Procurei pela sala, e então soube que era o espelho da parede que estava produzindo aquele barulho. Subi no sofá, fiquei de joelhos e então frente a frente aquele espelho, pude ver que seu reflexo era completamente diferente do que deveria: em vez de imitar a sala onde eu estava, era o meu banheiro que eu via.
O que estava acontecendo? Um sentimento ruim tomou conta de mim e se alojou na boca do meu estômago... Algo estava muito, muito errado! Uma sósia minha entrou naquela visão e me deu o mesmo sorriso debochado, ergueu a mão e então eu involuntariamente ergui meu braço, ela jogou o cabelo e eu a imitei... Eu havia me transformado o seu reflexo, estava fadada a imitá-la para sempre. Aquela pessoa iria se passar por mim, iria aproveitar toda a minha vida e eu faria todos os seus movimentos sem meu consentimento. Quis chorar, mas meu rosto estava retorcido no mesmo sorriso que aquela criatura que havia me enganado estava dando.
E finalmente ela disse algo:
— Vovó! Você precisa ver minha fantasia de Halloween!
Ela me ignorou como qualquer pessoa ignora seu reflexo, tratando-me como se eu fosse apenas isso: uma imitação.
//////
Acordei sentindo falta de ar, como se estivesse emergindo do mais profundo mar. Olhei o local onde eu estava e com um suspiro aliviado constatei que estava em meu quarto. Foi só um sonho! Ri de mim mesma e pensei que mesmo sendo um sonho estranho, foi realmente muito criativo.
— Haru!
Uma sensação estranha de dejavu. Saí de meu quarto e desci as escadas, lá embaixo vovó Margareth carregava um embrulho colorido, tal como em meu sonho.
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Era uma noite muito sombria... a lua estaria coberta de sangue a partir de 00:00h,nunca vi o céu tão tenebroso,estrelas não havia. Como se meu sexto sentido estivesse aguçado, procurei evitar os maus presságios e focar na minha fantasia para a grande festa.
Os ventos movimentavam as árvores e tudo ao redor, meus pensamentos se perdiam, realmente seria a noite ideal para a festa das bruxas. Eu morava em uma casa antiga do século XIV em um bairro mais distante da cidade, onde vizinhos não era algo que eu tinha e onde o predomínio de vegetação era vigente. Estava terminando minha fantasia, devido a comemoração de Halloween da faculdade, faria meu melhor parar ser temida.
Minha casa entrou no clima da festa e aderiu a decoração esperada. Não faltavam cabeças de abóboras, fantasmas, bruxas e caveiras por toda a parte. Morar sozinha já não era uma opção. Após a morte do meu pai, minha mãe resolveu se casar novamente e mudou-se para Londres com minha irmã caçula enquanto eu continuei na Irlanda, próxima de tudo que me lembrava os bons momentos em família.
Passar duas noites decorando o cemitério não foi tarefa fácil. Afinal, todos ficamos surpresos em saber que a festa seria realmente na casa dos mortos.
Ao sair do banho notei que o silêncio era maior do que de costume. Sentia olhos me seguindo e fiquei nervosa. Ao ver corvos saindo do quintal meu medo se foi e vi que era apenas imaginação minha.
Iria com Chang, meu namorado, para a festa no cemitério. Combinamos de sair 23:30h para chegarmos bem no momento em que a lua estivesse “coberta de sangue” e a iluminação valorizasse ainda mais minha fantasia. Eu começaria a me arrumar às 22:30h e até lá aproveitaria meu tempo restante lendo o livro que havia encontrado ontem no sótão,embaixo de uma tábua solta e ainda não tinha tido tempo para começar. Era um livro de memórias da família que pertenceu ao meu antigo tataravô Curlly. Ele falava de um antigo ritual das trevas em que se misturava magia e sangue humano para terminar a dívida com a morte.
A história era baseada na vivência de bruxas conhecidas como temidas e que usavam seus poderes para escravizarem homens e com isso ter tudo o que precisavam. Só na página 18 do livro me deparei com o fato de que toda a história estava em 1ª pessoa e que a importância dos laços de sangue estavam sempre sendo mencionados. Nunca vi uma história em que a linhagem sanguínea era tão importante. O livro era bem claro dizendo que os herdeiros de Sarlô T. ,uma bruxa muito poderosa, seriam declarados como seus durante a noite de lua de sangue e se fossem do sexo feminino com mais de 15 anos teriam a missão de honrar o sacrifício pela magia e pagar a dívida tida com a morte. O meu coração bateu bem forte e minha respiração ficou ofegante. O sobrenome dela era T. e o meu nome completo era Neena Rachel Turlier e seria real essa coincidência?
Meus pensamentos ficaram confusos. Era só uma história, tinha que ser. E a sensação de ser observada voltou.
Passaram alguns minutos e ouvi batidas na porta da frente. Provavelmente era Chang que resolveu chegar mais cedo.
Ao abrir a porta me deparei com o vazio e um corvo estava no 1º degrau me olhando fixamente, como se estivesse querendo falar comigo. Ele piava e eu não entendia o sentido daquilo. Ele estava me alertando? Alertando por quê?
Senti o suor cair e achei melhor entrar em casa. Deparei-me com um homem sentado em meu sofá. Ele segurava em uma das mãos meu livro e me olhava de forma cética. Adentrei com medo e minha reação foi de voltar para a porta e fugir. Ao correr para a entrada, ele me segurou e disse que ir embora não era uma opção, que após encontrar o segredo da família T. era minha obrigação fazer o ritual do silêncio, como minhas antepassadas o fizeram. Fiquei chocada... O homem tinha um grande capuz no rosto e sua voz era imponente,grosseira e muito gélida. Foi me dito que eu teria que fazer o juramento de sangue e que minha vida não seria mais a mesma. Tentei fugir e me esquivar. Mas foi simplesmente em vão. Ele ficou zangado e disse que seria cruel, eu precisava cooperar,era meu destino.
O relógio ainda marcava 21h e que Chang não chegaria nem tão cedo. Tentei mais uma vez correr e ao me pegar, o homem com o capuz logo disse que correr era inútil e que sua paciência havia acabado.
Eu desmaiei, acordei em uma clareira ou algo semelhante no meio da floresta. O homem prendeu meus punhos e tornozelos . Pediu para que dissesse meu nome por completo e ao pronunciá-lo tremi ao ver que as chamas da lamparina mudaram de vermelhas para azul.
Ele começou a dizer palavras em uma língua que não conseguia identificar e ao terminar de pronunciar ele disse seu nome em alto e bom som “senhor D.”. Ele se conduziu à mim e rasgou a manga da minha blusa. Seus olhos brilhavam e eu não entendia o que estava acontecendo. Ele se ajoelhou e disse que meu sangue era o necessário para completar o ritual e submergir a lua, tornando-a de sangue essa noite.
Era o meu sangue que percorreria toda a lua. Nenhum fenômeno imitando sangue humano, nada falso. D. pegou uma faca e enfiou o mais profundo que pode em minhas veias,senti a vida sumir aos poucos, esvaindo de mim. Arrrrrrrrhhhhhh!!!! Eu gritei de dor e D. apenas ria e dizia que gritar era em vão.
Ninguém estaria na floresta. Ninguém...
Por que aquilo? Como aquela história era real? Meu sangue? Eu era descendente de uma bruxa. Então fiz o que podia. Conjurei palavras que me foram ensinadas como músicas na infância “Avaris Oblíviat Querbis Dara” e D. me olhou e disse que nenhuma conjuração me salvaria.
E ele resolveu tirar o capuz olhando-me no fundo de meus olhos e dizendo “Apresento-me mais uma vez. Não tente me desafiar. Prazer, eu sou a morte!” e enfiou a faca em meu peito.
Acordei tremendo na banheira. O que houve? Como vim parar aqui?!
Olhei ao redor e vi que estava ainda no banho. O dia foi tão longo que dormi na banheira e tive um pesadelo. Vi que o relógio marcava 22:50h. Chang chegaria logo. Levantei-me, era hora de começar a me arrumar. Em 40min coloquei a fantasia mais horripilante e ao ouvir as batidas na porta, contive-me, era como um déjà vu e respirei fundo. Peguei uma faca na cozinha e fui atender. Era a morte, fui com tudo para cima dela. E para minha surpresa, Chang estava por baixo do capuz. Ele me abraçou e eu contei sobre meu pesadelo. Antes de irmos para festa, resolvi trocar sua fantasia e fomos de “casal infernal”.
Afinal de contas, não andaria com a morte essa noite.
Fim
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Parabéns a todos!
Os vencedores terão os prêmios creditados em suas contas!
Os que não foram classificados, não desanimem! Agradecemos a todos que enviaram suas participações e foi ótimo receber tantas montagens e textos incríveis!
Fiquem atentos aos próximos concursos!
Desejamos a todos um bom jogo!
A equipe princesa Pop.