Cobaia Humano
Já era 1 da manhã e eu ainda acordada, estava a estudar feito uma louca, precisava de QI, estava a ler livros de Biologia e Química, e também vídeos de dissecação de animais. Apesar de achar um absurdo, precisava aprender sobre isso. Lá fora, caia uma tempestade. Após ver tantos animais serem abertos, e tantas experiências serem feitas, resolvi ir deitar, não adiantaria estudar com o sono que eu estava. Tomei um pouco de chá e fui me deitar. Estava inquieta, aquelas imagens de animais sendo abertos e os professores mexendo, cortando e retirando seus órgãos não saia da minha cabeça, aquilo realmente me perturbou. Resolvi tomar um banho, para relaxar. Lá estava eu às 2 da manhã tomando banho, e realmente me ajudou. Quando voltei para a cama, finalmente consegui adormecer.
Acordei, sem ar, abri os olhos vi uma imensidão da cor vermelha, meus olhos começaram a arder então os fechei me movi e percebi que estava submersa, porém não consegui sair, meus pulmões estavam queimando, e eu fraca demais, consegui erguer minha mão para fora de onde eu estava me segurei à borda, e com um esforço sobre-humano consegui me sentar. Respirei e tossi daquele líquido, fiquei alguns minutos somente tossindo, olhando para dentro daquela banheira. Após todo esse esforço para continuar viva, senti o gosto daquele líquido em minha boca, senti o cheiro, e percebi o que era. Sangue, eu estava submersa em sangue! Eu queria sair dali, mas não conseguia me mover, então olhei ao meu redor, meio tonta, vi um armário, com livros, um jaleco pendurado e algumas coisas ao lado. Então olhei para a mesa ao meu lado, e no mesmo instante gritei, tinha alguns objetos de laboratório, porém o que mais me assustou foi o prato, com sangue e olhos, tardiamente percebi que eu estava realmente em apuros, não poderia morrer ali, eu nem sequer sabia onde estava, ou quem teria feito aquilo. Olhei para o cantinho da sala e vi o que aparentemente era uma pessoa, de costas para mim, só dava para ver o cabelo desgrenhado e o jaleco esvoaçante. E então, aquela figura se virou para mim, olhei para o rosto dela e fiquei paralisada, o sorriso em seu roso era maníaco, enormes olhos vermelhos me encaravam, percebi que estava segurando uma seringa, e deduzi que alguma substância estava correndo pelo meu corpo naquele momento, por isso a tontura, a fraqueza e as náuseas. E então, aquilo, (pois jamais poderia dizer que era uma pessoa) abriu a boca e disse:
-Olá, seja bem-vinda ao meu laboratório.
Sua voz era ao mesmo tempo doce e perturbadora.
-Agora vamos começar os experimentos!
Arregalei os olhos, então eu era um bichinho de laboratório para aquela coisa? Eu precisava enrolar ganhar tempo para descobrir uma forma de sair daquele lugar.
-Espere, eu sei que provavelmente você vai me matar então... antes disso, me fale do seu laboratório, o que faz aqui.
-O que temos aqui? Uma garotinha que se interessa por ciência?
-S-sim, conte-me!
-Bom, então vamos lá, mas antes de começar a ouvir uma linda história.
Ela se aproximou de mim e me furou com aquela seringa, senti aquele líquido entrar em minha veia. Após 2 segundos, já estava novamente fraca, tonta e muito enjoada.
-Agora sim vamos lá, esse laboratório é usado somente uma vez por ano, na semana do dia 31, por quê? Bom, acho a data bem interessante. Está me ouvindo?
-S-sim-disse bem baixinho quase sem sair som.
-Tudo bem, o que faço nele? Dissecações, experiências, coisas do tipo, entende?
-Sim, mas...com que...animais?
-Com o pior deles, o ser humano.
Por fora, eu não movia um músculo, por dentro estava apavorada. Consegui mover meu pescoço e vi uma prateleira, lá tinha um cérebro em conserva, algo indescritível dentro de um pote, uma arcada dentária e um pequeno crânio, comentei:
-Mas aquele crânio é muito pequeno para ser de um adulto.
-Exato-Ela sorriu mais ainda- Ali são os meus troféus desse ano e o crânio em especial do ano passado.
Aquela coisa era um psicopata, um assassino em série, eu precisava sair dali.
-Tá, já falei demais, que tal começarmos com o principal? Aplicarei-te uma dose de Adrenalina para ver como reage.
Ela pegou outra seringa no bolso, e novamente aplicou um líquido em mim. Passados alguns segundos, eu estava desperta, o coração acelerado, percebi que era o momento certo para fugir, mas precisava de calma, não sabia do que aquela coisa era capaz.
-Então como esta?
Ao máximo tentei fingir que ainda estava fraca e tonta.
-B-em...
-Acho que terei de aplicar uma dose maior de Adrenalina, vamos esperar, mas já vou começar com a melhor parte, vou escoar todo esse sangue, não tive tempo antes.
Ela colocou a mão dentro da banheira e destampou o ralo, aos poucos o sangue foi escoando até a banheira ficar vazia. Olhei para mim mesma e vi que estava com uma roupa de hospital, e completamente suja de sangue.
-Vamos lá, preciso fazer algumas incisões na sua barriga, espero que você não faça tanta sujeira quanto a anterior.
Ela pegou uma tesoura e cortou a parte da roupa que cobria minha barriga, pegou um algodão emergiu em um líquido marrom passou em minha barriga, pegou o bisturi e já estava pronto para cortar.
-A-antes... conte-me seu método.
-Ah sim, bom, primeiro esterilizo sua barriga, irei fazer uma incisão, depois usarei afastadores para que eu possa chegar a seus órgãos internos, todas às vezes decido o que vou tirar da minha... Cobaia, de você irei tirar o fígado, e depois irei fazer experimentos com os outros órgãos. Talvez aplicar algumas substâncias em seus estômago, retirar seu intestino , coisas do tipo.
Me desesperei, porém tentei parecer o mais tonta possível.
-Mas antes, pegarei outra dose de Adrenalina.
A coisa saiu do laboratório, eu olhei ao redor para ver se tinha outra porta e tinha, ao lado do armário, já estava bem mais lúcida por causa da dose anterior de Adrenalina, consegui me levantar e fui em direção á porta, antes peguei a faca caso precisasse me defender.
Saí em silêncio, já fora do laboratório me vi em uma sala, antiga, e a melhor visão que tive durante a noite, a saída. Corri para a porta que levava ao lado de fora da casa, porém algo entrou em meu caminho. Era ela.
- O que faz aqui? Volte ao laboratório por favor!
-N-Não, eu vou sair daqui!
-Volte agora para lá!
Eu não tinha nada a perder, se voltasse morreria então, avancei contra ela com a faca em punho.
-Não! Eu vou sair!
Consegui fazer um corte em seu braço, porém sofri um corte no rosto, não tinha visto que ela estava com o bisturi. Sem pensar, avancei novamente contra ela, mas dessa vez, consegui acertar sua garganta, a esse ponto minha adrenalina e minha raiva já estavam a mil. Sangue jorrava para todos os lados, de certo, acertei a carótida dela.
-Em meio a sangue ela tentava dizer algo, mas, o que saiu dela foi somente um sorriso, que excedia os limites do Maníaco.
Minha raiva controlou minhas ações, com a faca ainda em punho pulei para cima dela e a cortei em todos os lugares possíveis, não conseguia me controlar, só a cortei, imaginando matá-la para que nunca mais voltasse a ver aquela coisa.
Quando voltei a mim, eu estava completamente ensanguentada, misturava-se em meu corpo sangue seco e molhado. O sangue daquela criatura era mais espesso e escuro, não me apeguei a detalhes, saí de cima dela e caí ao lado de seu corpo desacordada.
Acordei com um sobressalto, suada, porém a salvo, em minha casa, no meu quarto. Era só um pesadelo, nada com que eu precisasse me preocupar. Fui ao banheiro, me olhei no espelho e tinha um corte no rosto, um corte idêntico aquele causado pela criatura em meu pesadelo.
A dúvida surgiu, teria sido aquilo somente um pesadelo? Ou eu teria realmente vivido tudo aquilo? Decidi não pensar nisso, ou então ficaria louca. Lavei o rosto, fiz um curativo e voltei para a cama, eram 5 horas da manhã e ainda estava escuro, a tempestade caia lá fora. E por mais que não quisesse, minha mente me levava o pesadelo e a dúvida. Antes de fechar os olhos e adormecer novamente na esperança de que nenhum pesadelo se sucedesse e que eu pudesse descansar, um relâmpago iluminou minha janela, fazendo com que a silhueta da criatura aparecesse. Nada fiz a não ser fechar os olhos e cair no sono.