Capítulo I
Ga Yeong estava sentada na poltrona mais próxima da porta, há uma distância segura da vassoura que sua amiga de infância, Lee So Ra, há minutos atrás, tentava lhe acertar assim que entrou em seu apartamento e da porta de entrada, pensando em uma fuga estratégica. Não julgava sua amiga, afinal, era inacreditável até mesmo para ela que agora tinha pelo menos metade de seu peso original e um rosto bem mais harmônico e bonito do que tinha até algumas horas mais cedo. Nem um bom cirurgião plástico poderia fazer um trabalho tão bem feito, ainda mais considerando que essa repentina mudança de aparência tinha acontecido com tempo muito curto para mostrar tal resultado. Suas roupas estavam sujas de terra, grama e sangue, além de estarem muito grandes em seu corpo. Seu próprio estado era lastimável, se estivesse na pele de So Ra, também lhe expulsaria à vassouradas.
So Ra olhava para Ga Yeong com um misto de desconfiança e incredulidade, portando sua vassoura como se fosse uma espada samurai. Qualquer movimento em falso e estaria pronta pra voltar a tentar expulsar a intrusa que alegava ser sua amiga de infância, gordinha e baixinha, além de ser desprovida de certa beleza – como teve que admitir –, que havia sorrateiramente se esgueirado para o seu pequeno apartamento. Seu celular estava em mãos, pronta para discar 119 e chamar alguma ambulância para levar aquela estranha para algum sanatório. Ainda assim, depois de ouvir algumas informações sobre sua pessoa que julgava serem confidenciais e de conhecimento apenas de pessoas mais íntimas, So Ra teve que admitir que talvez a ideia de que a pessoa à sua frente fosse realmente Ga Yeong não fosse tão estranha. Apalpou a têmpora, sentindo uma leve dor de cabeça.
– Então, recapitulando... Você está dizendo que você é a Ga Yeong? Digo, a Ga Yeong, minha amiga de infância, gordinha, baixinha, com dentes de coelho e que sofre de labirintite? – So Ra repetiu ao mesmo tempo em que a estranha a sua frente confirmava freneticamente com a cabeça todas essas informações. – E que você ficou assim porque um comissário da morte acidentalmente te atropelou enquanto você tentava não cair da janela do apartamento do Hwa Kyung Soo e ele te trouxe à vida com uma esfera do dragão?
– Não é uma esfera do dragão... Mas é realmente parecida... – Ga Yeong parecia brincar com algum item imaginário aos olhos de So Ra. Na realidade, a amiga não conseguia ver a esfera brilhante e de cor amarelada que a mulher segurava. Uma das regras do abyss era que apenas as pessoas ressuscitadas por ele poderiam vê-lo.
So Ra suspirou, a estranha ter entendido a referência em animes era um ponto positivo para confiar que aquela ali fosse realmente a Ga Yeong. Sua amiga desde a infância sempre fora mais viciada em animes de luta e doramas de terror do que a maioria das garotas. So Ra sempre compartilhou do mesmo gosto, mas sempre teve uma personalidade mais extrovertida e sociável, em contraste com sua amiga. Mesmo que todas as provas apontassem para o óbvio, ainda assim estava com um pé atrás sobre a mulher a sua frente, que agora desfiava um pedacinho de papel que havia voado por no meio da confusão de minutos atrás, bem como Ga Yeong fazia quando ficava ansiosa.
– Não, não, isso não faz sentido... Não espera mesmo que eu acredite que você foi atropelada por um comissário da morte, certo? Eu até acreditaria sobre cair da janela, mas todo o restante já é demais...
– Ei! – Ga Yeong resmungou. – Porque você não duvidaria sobre eu cair da janela?
– Porque a minha amiga não é exatamente a pessoa mais normal do mundo. – So Ra respondeu como se fosse óbvio, deixando Ga Yeong pensativa por um segundo, mas se rendendo logo em seguida. Para acabar caindo acidentalmente de uma janela de um edifício de trinta andares, realmente não tem como ser normal. – Olha... Eu não estou convencida, essa história... Parece louca demais pra ser verdade, então é melhor você sair da minha casa antes que eu chame a polícia!
A outra mordeu o lábio inferior, pensando desesperadamente como convencer a amiga. Sabia que So Ra era bastante cabeça dura, mas precisava de algo que fosse convencê-la imediatamente ou então teria que encontrar um cantinho para passar a noite na rua. Antes que a amiga discasse os números, Ga Yeong se levantou como se uma luz pairasse sobre sua cabeça. Era sua última chance e sabia que aquilo sua amiga havia compartilhado apenas consigo – ou pelo menos esperava que tivesse. Segurou as mãos de So Ra para impedi-la de ligar para o 119, se preparando previamente para outra sessão de vassouradas.
– Não! Espera! – Ga Yeong pediu, lutando contra a morena para impedir que a mesma lhe batesse novamente – Olha, eu tenho como provar que sou eu com algo que só nós duas sabemos! – Disse com um sorriso confiante. – No ensino médio, você dormiu com o seu professor pra ele não te reprovar em matemática e ele te passou clamídia. Você disse pra sua mãe que estava com infecção urinária pra ela pensar que você ainda era virgem.
A boca de So Ra se abriu por completo. Com o olhar catatônico, ela soltou o celular e a vassoura, se afastando de Ga Yeong como se tivesse crescido dois chifres em sua cabeça – o que, para ela, seria mais aceitável do que sua amiga ter simplesmente se transformado em uma mulher magérrima e ter ficado indubitavelmente mais sexy. Sussurrou algo inaudível, talvez um “Meu Deus” ou alguma espécie de palavrão, Ga Yeong não soube responder, mas havia ficado bem claro que agora So Ra não tinha como duvidar de sua palavra, se ela não houvesse contado sobre isso para mais ninguém, Ga Yeong com certeza não teria contado, ela levaria aquilo para o túmulo com ela.
– Ga Yeong? – A amiga fez uma careta de quem iria se acabar em lágrimas. Batendo em seu ombro, a mesma a respondeu.
– Eu estou tentando te convencer faz meia hora que sou eu, como pode não me acreditar em mim? – A voz trêmula de Ga Yeong denunciava que iria acabar chorando.
– Oh, céus... Coitada de você! Ou talvez nem tanto, eu sei lá... Isso... – So Ra se perdeu em seus pensamentos. – Nem sei o que dizer... É só... Inacreditável...
– Eu sei... Nem eu acredito que isso aconteceu... – Ga Yeong se solidarizou com a confusão de sua amiga, apontando para seu novo corpo. Permitiu-se tombar ao seu lado no sofá e seu estômago roncou como uma trombeta.
– Está com fome?
– Estou faminta... Eu posso comer um búfalo inteiro... – Ga Yeong se reavaliou, provavelmente agora seu estômago teria metade do tamanho que tinha antes. – Ou talvez não...
– Eu... Vou fazer alguma coisa pra gente comer e você aproveita e tira esses trapos. – So Ra pinçou com os dedos a roupa encardida que Ga Yeong usava, fazendo uma leve careta. – Acho que um banho cairia bem agora... Porque você está cheirando a esterco?
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Ga Yeong se olhava na frente de um espelho, analisava cada curva que tinha em seu corpo, cada detalhe em seu rosto agora inúmeras vezes mais bonito. Nunca havia se considerado bonita, nem mesmo antes de ganhar peso. Antes, apesar de ter um bom peso, seu rosto nunca havia sido atraente, pelo contrário, seu rosto era um dos motivos de nunca ter sido boa em socializar e estabelecer uma relação forte o suficiente com seus colegas de escola. So Ra fora sua única amiga desde o início da sua juventude, foi a única que se aproximou sem a intenção de zombar de sua aparência, como a maioria das crianças faziam. Sua paixão por animes japoneses e webtoons haviam atraído a atenção da menina, que então passou a fazer parte desse mesmo universo. Ainda que So Ra tivesse tentado por diversas vezes incluir Ga Yeong em seu meio, a garota nunca se sentiu realmente aceita por conta de sua aparência. Sua habilidade social era bastante deficitária, o que também não ajudava, mas So Ra sempre que podia a protegia. Era como se a amiga fosse uma espécie de super-heroína sem capa. Sempre que Ga Yeong lhe dizia isso, So Ra apenas ria com divertimento, como se fosse apenas uma piada, mas para Ga Yeong isso significava bastante coisa.
O fato de não conhecer seu pai biológico também era algo que a atrapalhava bastante. Park Min Young, sua mãe, sempre contava como havia sido sua jornada ao tentar se aventurar pela cidade grande. Sonhava em se tornar uma bailarina, mas acabou desistindo de seu sonho por falta de recursos. Durante sua juventude, trabalhou em vários trabalhos de meio período até se estabelecer na casa dos Hwa como empregada. Seus patrões, Hwa Hae Myung e Hwa An Na eram muito amigáveis e solidários. Min Young nunca deixou de se sentir grata pelo casal acolhê-la quando descobriu que estava grávida de sua primogênita. Criou Ga Yeong com muito amor e carinho, muitas vezes suprindo a presença paterna que lhe faltava. Ainda assim, mesmo que um pai presente não fizesse diferença na boa educação que sua mãe lhe dava, muitas pessoas questionavam isso, principalmente professores e outros alunos. Num país tão machista e patriarcal, isso era praticamente um crime. Sempre que acontecia qualquer coisa em sua escola, para os outros a culpa era sempre de sua mãe, que não a criava com um pai. Park Min Young, no entanto, nunca pareceu se dobrar a tais opiniões sobre sua vida, isso fazia com que Ga Yeong sentisse uma admiração por sua mãe além de sua compreensão. Desejava que um dia pudesse ser tão resiliente como ela, mas sempre pensou em fazer melhores escolhas.
Ga Yeong vestiu um conjunto de pijamas em azul marinho que sua amiga havia lhe emprestado. A blusinha justa de alças finas lhe caiu como uma luva, o short estava um pouco folgado na cintura fina. Admirou-se mais uma vez no espelho, aquele tipo de roupa nunca entraria em seu corpo se tivesse o mesmo peso de antes. Sofria para encontrar roupas para o seu tamanho e frequentemente precisava comprar em alguma sessão masculina por isso. Antes que furasse seu próprio reflexo com os olhos, So Ra a chamou para jantar. Vestiu um casaquinho preto e tomou rumo da sala, secando os cabelos com uma toalha de rosto. So Ra ainda parecia não acreditar que estava na presença de sua amiga, como se a ficha ainda não tivesse caído. Não a julgava, afinal, era realmente difícil entender que estava diferente, ela mesma ainda duvida que talvez fosse tudo um sonho, uma produção de uma mente fértil em imaginação. Sentou-se de frente para a sua amiga, catando os talheres de sua mesa. Em sua frente estava uma grande e saborosa panela de ramyun e algum punhado de kimchi em uma tigela à parte. Não soube por que esperou que o jantar fosse algo mais abastado já que sabia bem que as habilidades culinárias de So Ra se limitavam a macarrão instantâneo e ovo cozido. Mesmo assim, não reclamou da refeição, pelo contrário, se sentia até imensamente grata por ter o que comer naquela noite.
– Sobre essa mudança toda... – So Ra começou, interrompendo o silêncio estranho que havia se instalado entre as duas. – O que você pretende fazer?
– Não faço ideia... – Ga Yeong pareceu dar de ombros enquanto engolia seu ramyun. – Eu nem sei se vou poder usar meus documentos. Como vou provar que eu sou eu mesma com essa cara? – Roubou um pouco de kimchi da tigela, misturando-o ao caldo e o levando à boca. – Provavelmente irão pensar que eu sou algum tipo de estelionatária.
So Ra não pôde deixar de concordar. Talvez tirar novos documentos fosse mais fácil do que tentar usar os próprios documentos novamente, o que precisaria, com certeza, é de alguém que soubesse falsificar um.
– E sobre o Kyung Soo? – Como se houvesse tocado na ferida, Ga Yeong se afundou em sua tigela de ramyun, fingindo que não ouvira a pergunta. – Você foi para o apartamento dele por que queria reatar? – Ga Yeong apenas afirmou com a cabeça, como se tivesse sido pega aprontando. So Ra logo se irritou, largando seus talheres sobre a mesa. – Yah! Eu falei pra você não ir. Por que foi gastar o pouco de dignidade que ainda te sobrava rastejando atrás de um cretino que te largou com uma mão na frente e a outra atrás?
Ga Yeong não se lembrava de ter tido uma casa própria algum dia, ou se teve, era muito nova para se lembrar. Crescera sob o teto dos patrões de sua mãe, que viviam em uma mansão com direito a piscina, hidromassagem e uma extensa área de lazer. A família Hwa possuía um grande império de lojas de departamento, dessas que vendem de tudo um pouco. Logo, é difícil contabilizar com exatidão toda a fortuna que possuem. Apesar de Hwa Hae Myung e Hwa An Na, os patrões de sua mãe, serem muito amigáveis e solidários, o único filho do casal não demonstrava ser tão benevolente quanto seus progenitores. Hwa Kyung Soo sempre se mostrou ser bastante egocêntrico e inconsequente, pelo menos durante a juventude. Era fato que era um brilhante empreendedor, tendo começado uma empresa do zero e a tornado em tão pouco tempo um excelente negócio, mesmo que houvesse tido ajuda financeira de sua mãe para isso. Era fato que apenas dinheiro não sustentava um bom negócio, era preciso ter visão e uma mente afiada para os negócios, além de uma boa rede de contatos, e isso era algo que Kyung Soo mostrava que dominava.
Mesmo assim, sua inteligência e habilidade não o isentavam de ser um completo babaca, pelo menos aos olhos de So Ra. O herdeiro do grande conglomerado de lojas de departamento da família Hwa sempre aparecia em sites de fofocas por conta de suas escapadas noturnas em boates e por rumores de ser uma pessoa extremamente abusiva. Mesmo tendo apenas conhecido o rapaz por um momento, já havia se tomado desprezo por ele, ainda mais por todas as situações que havia ouvido sua Ga Yeong narrar sobre a forma cruel que a tratava. Quando a amiga revelou que o rapaz havia um dia se declarado e a pedido em namoro, sempre desconfiou que houvesse alguma segunda intenção por detrás disso, ainda mais sobre a condição de nunca dizer para ninguém que estavam em um relacionamento. Porém, tão rápido quanto haviam começado o namoro, o mesmo rompeu o compromisso poucos meses depois de forma bastante cruel. Expulsara Ga Yeong da casa onde crescera e vivera até os seus vinte e quatro anos meses depois de seus pais falecerem em um acidente de carro.
– Eu não sei... Acho que ele pode estar confuso e sofrendo... O senhor e a senhora Hwa faleceram há pouco tempo, é muito recente...
– O luto não causa esse tipo de confusão. Quando você perdeu a sua mãe, a única despirocada que você deu foi se empanturrar de comida.
A mãe de Ga Yeong havia falecido alguns anos antes, quando a mesma estava entrando no ensino médio. Em um momento, sua mãe estava compenetrada em lavar a louça do almoço de seus patrões, no segundo seguinte, tempo o suficiente para piscar os olhos, ela se agarrou ao seu peito e tombou no chão. Foi rápido e mortal, um infarto fulminante, sequer havia tido tempo de pedir ajuda ou esperar pela ambulância. No início de seus dezesseis anos, Ga Yeong passou a ser a responsável de sua família e os patrões de sua mãe passaram a ser os seus. A garota sempre teve a impressão de que tinha uma família grande e feliz junto aos Hwa, mas sua mãe sempre a alertava para não confundir a generosidade deles com amor fraterno. O motivo de ainda a aceitarem como sua empregada sabendo que a mesma não tinha como trabalhar em qualquer outro local que a possibilitasse estudar ao mesmo tempo não era porque a consideravam parte da família, isso ficava claro por tratarem-na como parte “da mobília” quando davam grandes festas em sua casa. Ga Yeong seria sempre a empregada, e os empregados não fazem parte da família.
Pensou consigo mesma que deveria ter acreditado no conselho de sua mãe, isso a pouparia a decepção que estava sofrendo agora...
A maneira que encontrou para aguentar todo o peso da responsabilidade e o luto foi através da compulsão alimentar. Em meio ano, seu peso passou de cinquenta para noventa quilos, afastando ainda mais do padrão de beleza coreano, onde corpos magérrimos e feições angelicais eram considerados ideias. Ga Yeong nunca teve nenhum dos dois e Hwa Kyung Soo, com que convivera durante boa parte de sua vida nunca teve dó de relembrá-la inúmeras vezes sobre isso através de piadas depreciativas. Para a garota que sempre nutrira um amor platônico pelo rapaz era como uma facada bem dolorida. O rapaz era alguns anos mais velho, enquanto Ga Yeong frequentava o Ensino Médio, Kyung Soo vivia a vida universitária cursando administração. Estava sempre cercado de mulheres e pessoas de sua classe: filhos ricos de gente rica que desconheciam a palavra “limites”, que viviam em boates e festas regadas a bebida e o melhor da diversão noturna.
Como faziam parte de mundos tão diferentes, Ga Yeong sabia muito bem que não teria a menor chance de ser algo mais além de uma simples empregada para Kyung Soo, então não pode estar menos surpresa quando o rapaz confessou seus sentimentos sobre a mesma e a pediu em namoro. Apesar de se sentir um tanto magoada pela condição de seu relacionamento ser mantido em segredo, ainda assim não pode se sentir a pessoa mais feliz e realizada do mundo, por isso queria tentar reatar com o mesmo. Não conseguia acreditar que o rompimento e a forma tão cruel com a qual havia sido tratada fossem de fato uma decisão consciente de Kyung Soo, mesmo que isso fosse mais condizente com a realidade do que o rapaz simplesmente ter caído de amores por ela. Ga Yeong mordeu o lábio, se ajeitando na cadeira sob o olhar frustrado de sua amiga.
– Olha, Ga Yeong... Eu sei que você realmente o amava, eu sempre ouvi você falar de como o maravilhoso Kyung Soo era desde que nos demos por gente, mas você precisa esquecer ele. Nem cachorro é abandonado de forma tão cruel quanto ele te chutou. – So Ra suspirou – Só estou dizendo que precisa trabalhar o seu amor próprio e esse cara... É o que te impede de fazer isso.
Ainda assim, Ga Yeong não conseguia aceitar o fim. Havia nutrido aquele sentimento por tempo demais para descarta-lo tão facilmente e So Ra sabia bem que sua amiga poderia ser mais teimosa que um touro. Sendo assim, sugeriu algo que seria um pouco mais arriscado, mas que talvez pudesse realmente fazê-la se libertar de vez daquele sentimento. Para todos os males, talvez até o desejo de Ga Yeong prevalecesse e quem sabe ela estivesse certa e Kyung Soo pudesse ser realmente um bom homem por baixo de toda aquela arrogância e egocentrismo natural de sua espécie?
– E porque você não se vinga? – A palavra vingança atraiu a atenção de Ga Yeong como se tivesse ouvido um palavrão. Na verdade, um palavrão vindo de So Ra teria soado mais coerente do que sua sugestão. – Ele te magoou, nada mais justo que você fazer o mesmo com ele.
– Essa é a coisa mais estranha que você já disse...
– Só estou dizendo por que você foi a única prejudicada nessa história. Ele só vai entender o seu lado quando passar por isso também. – Seu raciocínio quebrado até que tinha lógica, pensou Ga Yeong. So Ra percebendo o interesse de Ga Yeong, lançou sua jogada que seria um xeque-mate. – E quem sabe... Talvez ele até se redima com você e te aceite de volta? De uma forma ou de outra, vocês terão um relacionamento... Seu rosto novo pode te ajudar nisso...
Ao tempo em que Ga Yeong largou seu talheres, agarrou as mãos de sua amiga com uma determinação queimando em brasa em seus olhos.
– E como eu faço isso? – Ga Yeong questionou, os cantos dos lábios sujos de caldo de ramyun. – Como eu me vingo?
So Ra sorriu de canto e puxou seu celular, entrando no navegador de seu smartphone e procurando uma página específica na web. Era bastante antenada e já bolava um plano para sua amiga. Mostrou o website da empresa de Hwa Kyung Soo, uma empresa focada em propaganda e marketing e que abriria um processo seletivo para estagiários nos próximos meses.
– Amiga... Você precisa aprender bastante coisa sobre a arte da sedução...